Porque não desisto - Ricardo Gondim Vez por outra, penso em desaparecer, sumir do mapa. Chegar no aeroporto, pegar o primeiro vôo para o destino mais longe e, depois, seguir de ônibus até um vilarejo no alto de uma montanha. E lá, começar tudo de novo. Com certeza, meus detratores perguntam com um sorriso mal disfarçado: “E por que ainda não fez”? Porque preciso varrer, lavar, engomar, podar. Ainda não escrevi o meu melhor poema, ainda não arrumei a bagunça das minhas reflexões, ainda não apreendi a profundidade da obra de Bach, ainda não corri a próxima maratona ainda não li toda a obra de Shakespeare. Porque não ensurdeci para o lamento da criança presa ao trabalho escravo no Ceará. Porque não me conformo com as cruzes anônimas diante das covas rasas no Capão Redondo em São Paulo. Porque muita mentira me rodeia. Porque acumulo angústia e não durmo direito. Porque longe, eu me sentiria um traste. Porque não posso me omitir da arena da vida. Porque não me conformo com as penitenciárias...
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